LamborgUno: A Transformação de Um Fiat Simples em Um Superesportivo Artesanal

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Em um cenário onde muitos desistem diante de dificuldades financeiras e adversidades, a história de Edimar Goulart, um jovem de 30 anos, é um exemplo inspirador de como a paixão pelos carros esportivos pode superar obstáculos aparentemente intransponíveis. O que começou como um simples desejo de modificar seu Fiat Mille 2003 se transformou em um projeto ousado: criar um carro inspirado no Lamborghini Aventador. Essa é a jornada de Goulart e seu LamborgUno, um projeto que vem sendo desenvolvido desde 2017 e que continua em evolução, mesmo sem grandes recursos ou patrocínio.

O Início de Um Sonho: Do Fiat Mille ao LamborgUno

Edimar Goulart, morador de Rondonópolis (MT), começou seu projeto em 2017, utilizando o que tinha à disposição: ferramentas simples, peças improvisadas e muita criatividade. Seu objetivo era transformar o visual simples e quadrado do Fiat Mille em algo que lembrasse o design sofisticado e agressivo de um Lamborghini Aventador. Goulart, que trabalhava em uma empresa de comunicação visual e ganhava cerca de um salário mínimo, dedicava seus fins de semana e horas livres ao projeto, muitas vezes utilizando peças doadas ou adquiridas de forma improvisada.

Mesmo sem formação específica em design automotivo ou mecânica, Edimar decidiu que seu projeto seria feito por conta própria. O que inicialmente seria apenas uma customização estética do carro acabou se tornando algo muito maior. Ele construiu aerofólio e spoiler com ferramentas básicas, e foi aprimorando a carroceria do veículo. As primeiras peças foram feitas de massa plástica, isopor e cantoneiras de metal, mas com o tempo ele percebeu que precisava de uma estrutura mais resistente.

“Eu sempre fui fã de carros esportivos e, quando comprei o Mille, achei o visual muito quadrado. Comecei a mexer no carro para deixá-lo mais esportivo, e o que seria uma customização simples se transformou em algo muito maior”, relembra Edimar. Com muita persistência, ele começou a refazer toda a carroceria, utilizando estrutura metálica de aço e complementando com fibra de vidro.

Superando Adversidades: Pandemia e Crise

O projeto do LamborgUno nunca foi fácil, e as dificuldades aumentaram ainda mais durante a pandemia de coronavírus. Edimar Goulart perdeu o emprego temporariamente, o que afetou sua capacidade de investir no carro. “Com o coronavírus, as coisas ficaram muito ruins. Estava registrado na empresa, mas atrasaram meu pagamento por vários dias. Não tinha previsão de quando iria receber”, conta ele. Sem outra opção, Edimar precisou encontrar novos meios de sustentar sua família, chegando a trabalhar como diarista para colocar comida na mesa.

Ainda assim, ele nunca desistiu de seu projeto. Mesmo com poucos recursos, continuou a trabalhar no LamborgUno. “Nesses meses, gastei cerca de R$ 1.000 do meu próprio bolso no carro. Estou desenvolvendo a estrutura, soldando algumas partes e ajustando o mecanismo das portas, que abrem para cima, como em um verdadeiro Lamborghini. Além disso, instalei rolamentos para deixar tudo mais firme”.

A situação financeira foi desafiadora, mas Edimar conseguiu manter seu sonho vivo com o apoio de comerciantes locais, que doaram algumas peças e materiais. Ele também conseguiu continuar compartilhando seu progresso nas redes sociais, mesmo sem plano de internet, recorrendo ao Wi-Fi da casa da irmã ou do trabalho.

Transformação Criativa: O LamborgUno Ganha Forma

Nos últimos meses, Edimar Goulart se dedicou principalmente à parte interna do LamborgUno. Ele instalou bancos de veludo doados, provenientes de um Chevrolet antigo, e trabalhou na construção do painel de instrumentos, que foi feito com chapas de PVC expandido. Além disso, ele revestiu as portas, que são um dos destaques do projeto, abrindo-se para cima, como no modelo original da Lamborghini.

Outro detalhe interessante é o sistema de vidros das portas, que agora podem ser abertos e fechados manualmente, através de uma manivela. Cada detalhe do LamborgUno foi feito de forma artesanal, utilizando materiais acessíveis e com muita criatividade.

Edimar destaca que o processo de construção foi desafiador desde o início. A carroceria, inicialmente feita de isopor e massa plástica, quebrava com facilidade, o que o levou a refazer tudo com uma estrutura de aço soldada ao chassi. A superfície da carroceria foi complementada com chapas de aço e, posteriormente, reforçada com fibra de vidro, dando mais durabilidade e um acabamento mais próximo do que ele almejava.

Notificação da Lamborghini: O Desafio Jurídico

O projeto de Edimar chamou tanto a atenção que, em 2023, ele recebeu uma notificação extrajudicial de um escritório de advocacia em São Paulo, que representava a Lamborghini. A notificação alertava que o uso do nome Lamborghini e o desenho do Aventador eram propriedades industriais da marca, o que forçou Edimar a fazer algumas alterações no carro.

“Eu tive que remover o logotipo da Lamborghini e alterar a lateral para que o carro ficasse diferente. Usei elementos de outros esportivos e não tive acesso a nenhum molde original do Aventador“, explica Goulart. Ele também rebatizou o carro, que agora se chama Projeto X. Apesar da notificação, Edimar nunca teve a intenção de lucrar com o carro ou de vendê-lo. Para ele, o projeto é uma realização pessoal, não uma forma de ganhar dinheiro.

Paixão e Determinação: O Futuro do LamborgUno

Com o passar dos anos, o LamborgUno foi ganhando forma e notoriedade, mesmo que ainda não esteja completamente finalizado. Edimar Goulart trabalha no carro nos fins de semana e em seus momentos livres, sempre focado em aperfeiçoar cada detalhe. “Sem descanso”, diz ele, referindo-se ao fato de que praticamente todo o seu tempo livre é dedicado ao carro.

O jovem, que se descreve como autodidata, nunca concluiu o Ensino Médio, mas pretende retomar os estudos assim que possível. Durante a pandemia, as aulas do curso supletivo foram suspensas, mas Edimar tem planos de um dia se formar em design automotivo ou engenharia. “Eu aprendo muito rápido, só de ver. Já trabalhei como mecânico de bicicletas, mas nunca tinha mexido em carros antes. Assisti a tutoriais na internet e aprendi a desmontar o motor do Mille. Faço tudo no ‘olhômetro’”, relata.

Para alcançar o visual característico de um Lamborghini, Edimar precisou modificar a estrutura do Fiat Mille de forma significativa. Ele baixou a carroceria, ajustou as colunas dianteiras e realizou outras modificações estruturais importantes. No entanto, o carro ainda não foi legalizado para circular em vias públicas. “Já procurei um despachante para tirar o documento de protótipo experimental e resolver pendências de IPVA e licenciamento“, explica.

Reconhecimento: Um Sonho que Ultrapassa as Barreiras

Apesar das dificuldades, o LamborgUno já conquistou o respeito e a admiração de muitos entusiastas de carros esportivos. Em 2018, Edimar Goulart foi convidado por uma loja de carros importados de Cuiabá (MT) para conhecer um Lamborghini Aventador legítimo. Ele levou seu LamborgUno para a capital mato-grossense e, pela primeira vez, pôde ver de perto o carro que tanto o inspirou.

“Fiquei boquiaberto, nunca tinha visto um esportivo na vida”, lembra ele com emoção. Embora seu LamborgUno ainda esteja longe de ser um Aventador perfeito, a determinação e a paixão de Edimar fizeram com que ele criasse algo único, que reflete seu talento e dedicação.

Conclusão: A Força de Um Sonho

A história de Edimar Goulart e seu LamborgUno é um exemplo claro de que, mesmo sem muitos recursos, é possível alcançar grandes feitos com determinação, criatividade e trabalho duro. O projeto, que começou em um Fiat Mille simples, transformou-se em algo muito maior, um reflexo do desejo de Edimar de superar as adversidades e realizar seu sonho.

Mesmo enfrentando uma pandemia, crises financeiras e até uma notificação da Lamborghini, Edimar Goulart continua avançando em seu projeto, mantendo viva a esperança de um dia ver seu LamborgUno completo e, quem sabe, regularizado para rodar pelas

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