O Chevrolet Monza S/R é um ícone do automobilismo brasileiro, sendo muitas vezes comparado ao atual Chevrolet Cruze hatch por sua proposta esportiva e pelo seu apelo no mercado. Para entender a importância do Monza S/R, precisamos fazer uma viagem no tempo até a década de 1980, quando o cenário automotivo brasileiro passava por transformações significativas. Neste artigo, você irá descobrir as características que tornaram esse carro tão especial, seu desempenho e como ele se posicionou em meio à concorrência da época.
O Cenário Automotivo Brasileiro na Década de 1980
Ao final do ano-modelo de 1980, o Opala SS, que era um dos carros esportivos mais desejados do Brasil, teve sua produção encerrada, deixando saudades entre os fãs. Com o desaparecimento de ícones como o Ford Maverick GT e o Dodge Charger R/T, o mercado brasileiro de esportivos começou a se restringir a modelos médios, como o VW Passat TS e o Ford Corcel GT.
Esses carros ofereciam um toque de esportividade, mas frequentemente eram mais focados no visual do que na verdadeira performance. No meio de um mar de opções limitadas, surgiram o Ford Escort XR3 e o VW Gol GT, ambos de 1984, que trouxeram uma nova esperança para os amantes de carros esportivos. Contudo, foi a chegada do Chevrolet Monza S/R em 1986 que realmente reacendeu o entusiasmo por carros hatch esportivos.
O Lançamento do Monza S/R
Após quatro anos no mercado, o Monza hatch estava ofuscado pelo sedã, que era disponibilizado em versões de duas e quatro portas. O S/R chegou para mudar isso, oferecendo um visual diferenciado que o destacava das versões mais simples. O modelo foi equipado com elementos que ressaltavam seu caráter esportivo, como um spoiler dianteiro, faróis de milha, e um aerofólio que, embora tivesse pouca utilidade prática, dava um charme especial ao carro.
Design e Estilo
O design do Monza S/R era agressivo e atraente, com detalhes como para-choques pretos com frisos vermelhos e rodas de liga leve de desenho exclusivo. Além disso, era o primeiro carro nacional a apresentar lanterna de neblina. Esses elementos visuais tornaram o S/R um dos carros mais cobiçados da época, atraindo olhares e admiradores por onde passava.
Interior do Monza S/R
No interior, o Monza não decepcionava. Os bancos esportivos da marca Recaro ofereciam conforto e suporte, enquanto a grafia dos instrumentos em vermelho proporcionava um visual distinto e arrojado. Os vidros e retrovisores externos eram elétricos, uma inovação que fazia do S/R um modelo à frente de seu tempo.
Performance do Monza S/R
O coração do Monza S/R era um motor carburado de corpo duplo, que proporcionava uma potência de 106 cv, 10 cv a mais do que os demais modelos da linha Monza. Essa potência extra foi acompanhada de um escapamento com saída maior, que conferia ao carro um ronco encorpado, o que era música para os ouvidos dos apaixonados por velocidade.
Transmissão e Suspensão
O câmbio do S/R era encurtado, tanto nas relações quanto na alavanca, permitindo trocas de marcha mais rápidas e eficientes. Os amortecedores receberam uma rigidez extra, enquanto os pneus passaram a ser da série 60 em vez da 70, proporcionando uma melhor aderência ao solo e aumentando a estabilidade em curvas.
Comparativo de Desempenho
No primeiro teste com um exemplar de produção, realizado em fevereiro de 1986, o Monza S/R foi comparado a seus rivais diretos da Volkswagen, o Passat GTS e o Gol GT, todos movidos a álcool. Apesar de ser o mais antigo dos três, o Passat levou a melhor. O S/R alcançou a velocidade máxima de 170,213 km/h e acelerou de 0 a 100 km/h em 12,17 segundos, uma marca que, na época, não impressionava.
O consumo também não era favorável: o Monza registrou 6,51 km/l na cidade, o que não ajudava a sua reputação. Segundo a reportagem da época, o Monza “sentiu o handicap de um peso maior” em comparação aos seus concorrentes, pesando 1.143 kg contra 980 kg do Passat e 950 kg do Gol. Esses fatores fizeram com que a crítica fosse dura em relação ao desempenho do S/R.
Avaliações Futuras
Em abril de 1987, a revista avaliou o Monza com motor 2.0, que agora era o mesmo dos demais Monzas. Porém, o câmbio foi novamente encurtado, resultando em melhorias significativas nas retomadas. O motor 2.0 a álcool chegava a 110 cv e 17,3 mkgf de torque. As retomadas eram impressionantes: o S/R levava apenas 24,98 segundos para ir de 40 a 120 km/h em quinta marcha, quase 10 segundos a menos que o modelo SL/E.
Apesar do maior consumo, o motor funcionava redondo em todas as rotações, o que agradou aos motoristas. A estabilidade do S/R também foi elogiada, junto com um painel completo e de fácil leitura, que facilitava a vida de quem estava ao volante.
A Evolução do Monza
Para 1988, o Monza hatch estava disponível apenas na versão S/R. O carro passou a ter uma nova grade, agora com frisos horizontais, e lanternas da versão Classic. Este ano também é marcante por ser o último em que o Monza S/R foi produzido. A partir de 1989, o Kadett GS tomou seu lugar, introduzindo inovações como a injeção eletrônica.
O Legado do Monza S/R
O Chevrolet Monza S/R deixou um legado no mercado brasileiro. Com um design marcante, um motor potente e características que o diferenciavam de seus concorrentes, o S/R se tornou um símbolo de esportividade na época. Ele não apenas representou uma era de carros hatch esportivos, mas também uma transição para um novo tipo de automobilismo no Brasil.
O carro fotografado neste artigo, de propriedade do leitor Evandro Fraga, de Campinas (SP), é um exemplo de como o Monza S/R é valorizado até hoje. O veículo foi restaurado após ter sido exposto ao tempo por dez anos em Florianópolis (SC), onde seu último proprietário não tinha espaço na garagem. Essa restauração preservou não apenas a estética, mas também a essência de um modelo que fez história.
Conclusão
O Chevrolet Monza S/R é mais do que um carro; é um ícone da cultura automotiva brasileira. Sua história reflete a evolução dos veículos esportivos no Brasil e a busca incessante por performance e estilo. Assim como o Chevrolet Cruze hatch de hoje, o Monza S/R conquistou seu espaço no coração dos aficionados por automóveis, e seu legado continua a inspirar novas gerações.
Se você é um amante de carros clássicos ou está apenas começando a explorar o mundo automotivo, o Monza S/R é um exemplo perfeito de como a combinação de design, desempenho e inovação pode resultar em um verdadeiro ícone. Não importa se você já teve a oportunidade de dirigir um ou se está apenas sonhando com o dia em que poderá, a história do Monza S/R é uma parte importante da rica tapeçaria do automobilismo brasileiro.